Olhe para o passado e o presente, se questione: como poderei descrever a mim mesmo?
Me descrevo com os livros que leio, os interesses que apresento, os trabalhos que realizo, os posicionamentos que mantenho, as mudanças com as quais me proponho?

Se, há décadas atrás nos unimos em família, ocultamos nossos íntimos desejos para manter as aparências, enfeitamos nossa infelicidade, perfumamos nossas dores, cumprimos o dever para honrar a moral e obter aprovação social, até que ponto nossos costumes, de fato, se modificaram?
Se antes o burburinho social, os convites para eventos ou os olhares eram nosso termômetro de aceitação, hoje, quais são?

Como poderei descrever a mim mesmo? Ou melhor, vamos além: qual descrição queria poder realizar a mim mesmo? O que me distancia disso?
São os tropeços na construção de uma vida autêntica, a ausência de registros que comprovem minha ascensão, o olhar que dirijo ao fracasso como se só nele meu corpo habitasse?

Descrevo a mim mesmo pelo cargo que ocupo, com as atividades que me despertam interesse, os hobbies que pratico, as músicas que aprecio, as danças que movimentam meu corpo, o tédio que me permito sentir ou a rotina imperdoável que exaure toda a energia que possuo?

Não me interesso por me descrever pelo olhar do outro, pelos títulos que possuo, pelo currículo que construo. Interessa transmitir quem sou pelas escolhas que faço, pelos posicionamentos que tenho, pelo acolhimento – de mim mesmo – que exercito.
Se antes tive posicionamentos que não caminham pela ética que busco ter, esse é o momento que me coloco a exercitá-las. Sobre a ética que escolho ter em vida.

Está aí, o primeiro passo, para uma vida que pode ser construída com autenticidade.

Qual é a ética que escolhi ter em vida?