


Quando compartilhamos a vida com alguém passamos a compartilhar momentos comuns, isso não acontece numa somatória, mas sim com a multiplicação. Nos sentimos parte de uma vida compartilhada quando os corpos ressoam um com o outro, esse ressoar se traduz na leveza do cotidiano, na superação de obstáculos, na divisão de tarefas, ultrapassa a decisão de estar em compromisso com outro alguém e passa a ser uma dança que se sincroniza suavemente.
Já puderam apreciar a obra Tecidos Dançantes do artista Daniel Wurtzel? Mesmo que por vídeo em redes sociais. Ela gera a sensação de sincronicidade, da leveza, o ressoar de tecidos quando encontram-se, emaranham-se, rodopiam ao vento. Quando compartilhamos a vida com alguém podemos nos encontrar nesses ritmos de leveza, que produzem encontros, que se distanciam estrategicamente, que dão espaço para o flutuar de cada tecido ao mesmo tempo que essa flutuação se encontra e ressoa um no outro.
Compartilhar a vida com alguém não é sobre abandonar as particularidades e as individualidades, mas encontrar uma maneira para que elas consigam permanecer enquanto caminham por um mesmo rumo. Isso é possível quando se decide compartilhar a vida, mas principalmente quando são feitas manutenções para que todos os corpos sigam ressoando sem que um esteja constantemente mais alto que o outro.