
Uma vez propus um exercício de experimentação dos afetos para uma pessoa que, depois, me contou que num dia de chuva resolveu sair na grama e dançar com o tempo. E veja só, quanto tempo fazia que não se divertia como nesse dia? Na correria da vida só encontrava espaço pro desgosto de um pé molhado, o atraso no trânsito porque o aguaçaréu convida a todos saírem de carro, com venda nos olhos que poderiam encontrar arco-íris pelo céu…
Há quem diga que isso é um momento de infância e quando adultos ficamos presos nas lembranças. Quando foi dado espaço para se divertir na vida? Claro que, ao longo do tempo o conceito de diversão modifica, em outros, apenas petrifica: “o que diriam de mim se me vissem correndo na chuva? Maluco! Só pode”.
Crescemos e somos podados. Já se perguntou quando há espaço para algo além do habitual? Nas conversas de bar na sexta à noite após um exaustivo expediente, na atividade de lazer que realiza de vez em quando, nas caminhadas para exercitar o corpo e mente, nas risadas com as pessoas que gosta.
A tecnologia virou nossa aliada em combate ao isolamento social, mas agora preferimos teclas e letras ao em vez de rostos e vozes, optamos por pijamas e pantufas ao invés de se arrumar para sair. Nos isolamos e o isolamento adoece.
Pessoas deprimem, angustiam, a solidão intensifica, preguiça, cansaço e desânimo se tornam cada vez mais presentes, sensações que podem surgir com normalidade, passa a ser um grande transtorno na vida de quem as experimenta todos os dias…
Eu até poderia brincar que a vida não é um buquê de rosas, mas rosas também possuem espinhos. E assim como um espinho que pode ferir e deixar a pontinha presa no dedo, nossa saúde mental também precisa de um profissional adequado. Você não precisa passar por isso sozinho.