
Entender e trabalhar com os diagnósticos em saúde mental como aliados, e não como inimigos a serem combatidos, nos permite trabalhar com a leitura dos processos de subjetivação das pessoas na lógica de categorização biomédica (por mais que tecemos críticas valiosíssimas sobre isso).
Já ouviu aquele provérbio “mantenha os amigos sempre perto de você, e os inimigos mais perto ainda”? Apesar do uso da palavra inimigo, ele ajuda a pensar sobre isso… Assim como alguns profissionais pós-estruturalistas que conheci mencionam: é necessário conhecer a fundo uma teoria para poder propor críticas.
Um CID é aliado quando pensamos em linhas de estratificação, que são parte dos processos de subjetivação. Linhas rígidas, que são instituídas socialmente, se tornam parte de culturas e quase moldam quem somos e como vivemos, são riquíssimas para pensar em formas de trabalhar com o psicodiagnóstico. Estimular a flexibilização das linhas rígidas com nossos pacientes nos permite trabalhar essa compreensão macro do psicodiagnóstico de forma mais voltada para o contexto vivencial dessa pessoa. Não nossa visão enquanto psis, mas sim trabalhando a visão do próprio paciente quanto a sua compreensão dentro dessa caixinha de diagnóstico para, então, propor o distanciamento que irá compor com novas estratégias de cuidado de si.
Seria, então, nosso trabalho auxiliar nossos pacientes a entender sua singularidade quando estes estão inseridos em categorias diagnósticas? Passar por esse entendimento do transtorno, para então apresentar essa percepção de um CID que não limita a vida, mas sim que traz características que podem e devem ser trabalhadas como contribuição para a construção de qualidade de vida.
E nesse caso é ainda mais importante trabalhar com a ampliação do conhecimento social sobre a URGÊNCIA da não banalização do diagnóstico!
Texto escrito junto com o psicólogo Mateus J. B. Cornelli CRP 08/38588