
Necessidade e pensamento andam próximos. Identifico que preciso de alguma coisa porque penso sobre ela ou sobre outro assunto que conecta a ela, e isso alcança a minha autoanálise e então percebo a necessidade.
Percebo que necessito de alguma coisa, que necessito melhorar em algum aspecto, que necessito cuidar de mim quando passo a pensar sobre como as coisas fazem eu me sentir. Começo a perceber como me coloco em contato com o que está ao meu redor, como me relaciono com o mundo.
Minha relação com o mundo iniciou quando nasci e passei a fazer parte de uma família, aprendi a falar, reproduzir atitudes e palavras aqueles que me cuidaram, frequentei a escola, fiz colegas, amigos e em alguns momentos me desentendi com as pessoas que conheço. Aprendi a escrever, brincar, cresci e aprendi a cuidar de mim e descobri que existe mais do que um caminho para seguir.
Exercitei o pensamento. Em cada escolha, em cada gesto, cada gostar e desgostar, a cada troca de afeto com quem estava ao meu redor. Mas e se o exercício do pensamento fica preso só ao que me é mais facilmente digerível?
Se eu penso só a partir do que eu concordo, eu penso pra conservar. Eu afirmo meus valores, minha moral e nego todo o resto que se apresenta pra mim. Nessa negação, passo a conservar uma jarra de pensamentos imersos em vinagre dentro do meu corpo e, do vinagre da conserva dos meus pensamentos, esse amargo, esse azedo, eu já tô acostumada.
Se penso só sobre o que já faz parte de mim, se o que eu penso não vai além, então esse pensar me agrega em quê?
Mais pepinos pra minha jarra de conservas?
E se meu corpo só se alimentar de pepinos, no fim, o que me torno?
Para sair da zona de conforto, precisamos passar por esses caminhos de autoquestionamento, ampliação do que conhecemos sobre a vida e, dar pequenos passos em direção ao desconhecido para compreender o que do “novo” nos serve e o que é conhecimento para futuras inserções de limites.